quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estaleiro OSX pode ser instalado em Biguaçú sem prejuizo para os botos.

Solução passa pela Baía NorteSim, o estaleiro pode ser instalado em Biguaçu sem prejuízo para os botos-cinza. Pelo menos é o que conclui o estudo da Fundação Certi, da Capital, contratado pela OSX. Para a viabilização do empreendimento, é preciso melhorar e monitorar a qualidade das águas de toda a Baía Norte.


Os golfinhos da APA de Anhatomirim – apontados pelo ICMBio como um dos principais motivos para negar a instalação do estaleiro – foram o foco do estudo. Os animais são considerados espécies “guarda-chuva”, porque refletem as condições de todo o ecossistema, como explicou o coordenador da pesquisa, Marcos Da-Ré, do núcleo de inovação e sustentabilidade da Fundação Certi.


O trabalho foi feito em dois meses por 10 cientistas e custou R$ 200 mil, segundo o superintendente da fundação, Carlos Schneider. O resultado será apresentado ao grupo de trabalho do Ministério do Meio Ambiente.


Da-Ré garantiu que o canal dragado não será barreira para os golfinhos, a exemplo do que já ocorre com a espécie nos portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul.


A fim de garantir a qualidade do ambiente marinho, são sugeridas soluções para monitoramento e gestão, com criação de um observatório, um fórum para a sustentabilidade da Baía Norte, um fundo de recursos e uma estrutura executiva operacional.


O trabalho envolveu profissionais brasileiros e estrangeiros, como o PhD em mamíferos marinhos Thomas Jefferson. O biólogo americano acompanha há 15 anos os golfinhos atingidos pelo aeroporto de Hong Kong, erguido sobre um aterro e uma ilha artificial. Jefferson observou que os animais chineses, semelhantes aos botos-cinza de SC, se afastaram do hábitat durante as obras, mas logo retornaram ao local.

– Não é possível prever 100% o impacto que o estaleiro (em Biguaçu) terá, mas existem razões para acreditar que é possível mitigar esse impacto – disse Jefferson.

ALÍCIA ALÃO DIÁRIO CATARINENSE

Novidades do Estaleiro OSX em Biguaçú no Diário catarinense

                                     ICMBio nacional vai refazer parecer


Governo federal considerou precipitada a posição tomada pela regionalO governo federal fará uma nova avaliação do impacto ambiental do estaleiro OSX, em Biguaçu, na Grande Florianópolis. Após reunião com diretores da empresa, ontem, em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente decidiu enviar ao Estado um grupo de técnicos do Instituto Chico Mendes (ICMBio).


A coordenação nacional do instituto assumiu a análise do pedido de licença ambiental depois de conhecer o projeto técnico da obra. Diante dos argumentos da OSX, o governo entendeu que o parecer da equipe local do ICMBio, contrário à implantação do estaleiro em Biguaçu, não poderia ser definitivo.


Em duas oportunidades, a unidade regional considerou o projeto inaquedado para a região de Biguaçu, pelo terreno estar próximo a três unidades de conservação. Sem o sinal verde do ICMBio, o estaleiro não sai em SC.


– O governo percebeu que faltava embasamento técnico à posição da equipe do ICMBio no Estado – disse um dos participantes da reunião.


Audiências públicas na próxima semana
O encontro de ontem foi a primeira discussão do grupo de trabalho montado pela ministra Izabella Teixeira para resolver o impasse.
A ministra não participou do encontro porque estava despachando com o presidente Lula. A reunião foi coordenada pela assessora especial Marília Marreco, que não quis falar com a imprensa.

Para o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, os 90 minutos de conversa entre os diretores da OSX e os representantes dos órgãos ambientais do governo aceleraram a busca de uma solução para assegurar o investimento de R$ 2,5 bilhões no Estado.

– O que ficou acertado resolve o problema, dá transparência ao debate e envolve também a população no processo de discussão – comemorou Gregolin, que é catarinense.
Enquanto os técnicos de Brasília do ICMBio estiverem reavaliando o estudo de impacto ambiental do estaleiro, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão estadual, realizará audiências públicas programadas em Biguaçu, Governador Celso Ramos e Florianópolis entre terça e quinta da semana que vem.

– As audiências são importantes para a população tomar conhecimento do projeto. A opinião pública não sabe o que está acontecendo – disse Murilo Flores, presidente da Fatma.

viviane.cardoso@gruporbs.com.br



VIVIANE CARDOSO CORRESPONDENTE RBS EM BRASILIA.